(continuação)

Já passou algum tempo, eu sei, mas não o suficiente para tentar emendar a asneirada que cometi.
Quero pedir desculpa por não te estar a dizer isto cara-a-cara, tal como deveria de estar a ser feito. Em vez de isso estou a utilizar está folha.
Como já deves ter percebido, a coragem faltou-me quando mais precisava dela.

Deixei-me iludir por um amor impossível sem pensar em consequências, que por acaso foi o que mais teve.
Envolvi-me de tal maneira que parece que o resto do mundo, para mim, se apagou.
Deves ter reparado que por uns tempos desapareci, deixei de comunicar, deixei de ser eu. Alguns de vocês perguntaram-me onde é que estava, na verdade nem eu própria sei por onde andei durante uns quatro ou cinco meses.
Sei que quando voltei tudo o que tinha construído, já não lá estava mais.
Fui fraca e muito parva, mesmo muito. Como é que deixei isto tudo acontecer?
Tudo se desabou diante mim e não fiz rigorosamente nada, limitei-me a ficar parada, a ver tudo a acontecer.

Hoje, sinto-me um “nada”. Ainda não compreendo como não reagi e não lutei por vocês, se soubesses o quanto isto me revolta…

(continua...)

O desabafo

Escrevo-te porque estas longe, não que estejas em outro país ou em outra cidade, mas sim longe de mim. Escrever-te foi a única forma que encontrei para disfarçar a tua ausência e essa cada vez me custa mais. Penso que se te for escrevendo, aqui, cada bocadinho de mim, tal como antes o fazíamos, não me custe tanto a lidar com a tua ausência.
Ver-te e não te poder ter, não te poder tocar, não poder… simplesmente não poder. Massacra-me!

Deves de ter uma raiva incalculável de mim e até mesmo odiar-me pelo que te fiz. Compreendo o que sentes, ou então não. Porque nunca me fizeram, nenhum de vocês, mas principalmente tu, tu que sempre me apoiaste, tu que me defendeste e sempre lá estiveste para me dar a mão.
Podia inventar mil e uma desculpas, como já fiz, para ver se tu simplesmente caías nelas e se me voltavas a estender a mão, mas sinceramente para quê?! Mais cedo ou mais tarde tudo iria voltar ao que hoje é, ou pior.
Hoje percebi que não preciso de te mentir, só preciso de abrir o meu coração. Dizer-te tudo tal como foi, tudo tal como senti e o que sinto agora!

(continua...)