Acordei em jardins estragados de beijos íntimos. Percorri bosques fatais, cujos ramos têm sensibilidade com o luar.Ondas de suor provocadas pelo pânico, morcegos assustados desenhando voos em nevoeiros sufocantes. Lobos que representam um drama num palco de comédias, entre o cimo da montanha e a base do deserto. Noite condenada a viver momentos de um assombro de complexos sons do piar do velho mocho cinzento. Divido campos semeados e regados de hipocrisia dos campos abandonados por batalhas sensuais de almas caras e pecadoras. Piso o cemitério em plena meia noite, sinto ainda a terra batida e húmida, sinto o bater das asas dos corvos negros, protegida sob animal felino de olhar hipnotizante, farto de proteger as maldições que cobriram os mortais, talvez imortais e valentes cavaleiros de espada exposta aos Céus.Aqueles gritos ensurdecedores de espelhos mascarados de vícios, a chamarem pelo silêncio dos reflexos do mar e da hora certa.Tenho a missão de arranhar o céu e tocar o Sol. Alcançar o seu calor e sentir o frio do sopro das falésias do amor.Tenho a missão de chegar ao altar, do santuário invejado pelas suas sinfonias esquecidas e das velas derretidas em punhais de lâminas aparadas. Acender a vela da chama negra, esperar que a fragrância paire no ar e o fumo transforme em doces beatas. Ajoelhar-me e possuir-me de círculos ilusórios sem um único centro. Entrar em contacto com o passado e relembrar-me da parada negra dos soldados dos olhos azuis que soltaram a fogueira dos sonhos perdidos e iluminam o cálice das promessas quebradas pelo inimigo.

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